A startup I-Educam, criada por pesquisadores da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) com apoio da Agência Marandu, está revolucionando a indústria de couros ao utilizar peles de peixe, um subproduto normalmente descartado, e taninos vegetais no processo de curtimento. A inovação reduz o desperdício de pescado e elimina o uso de metais poluentes, impulsionando a economia circular e agregando valor ao material.
De acordo com Raimunda Fortes, professora da UEMA e pesquisadora do projeto, a iniciativa é uma solução para os impactos ambientais causados pela indústria tradicional de couro, que utiliza agentes sintéticos à base de cromo. “A boa notícia é que o setor está em busca de alternativas orgânicas, como o uso de taninos vegetais, para minimizar esses danos ao meio ambiente”, explicou a pesquisadora.
Além de revolucionar o processo de curtimento, a I-Educam investe na capacitação de comunidades locais, promovendo oficinas especializadas para cooperativas e conectando produtores a novos mercados consumidores. A iniciativa não só fortalece a cadeia produtiva sustentável como também gera novas oportunidades econômicas para pequenos empreendedores e trabalhadores da região.
Inovação e bioeconomia no Maranhão
A I-Educam integra a Vitrine Tecnológica da Agência Marandu, um espaço dedicado a conectar soluções inovadoras da UEMA a investidores, empresas e instituições interessadas em tecnologias sustentáveis. O Maranhão tem se destacado por suas ações em bioeconomia, com destaque para o programa Inova Amazônia, que, em 2024, selecionou 20 startups focadas no uso sustentável dos recursos do bioma amazônico.
Conforme levantamento realizado pelo Sebrae, as startups maranhenses se concentram em setores como Edtechs (35%), Agrotechs (25%), além de outros como Turismo, Healthtech, Greentech e Foodtech, representando 5% cada. Esses dados evidenciam o crescente ecossistema de inovação no estado.
A economia circular está se consolidando como uma estratégia essencial para reduzir resíduos e melhorar o uso de recursos no Brasil. No setor de resíduos sólidos, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) incentiva a reutilização e reciclagem de materiais, promovendo a sustentabilidade ambiental e a eficiência econômica.
No Maranhão, o setor da moda sustentável também segue essa tendência. Empreendedores locais apostam em materiais recicláveis, peças biodegradáveis e brechós, demonstrando que a economia circular pode não só reduzir impactos ambientais, mas também criar novas oportunidades de negócios.
A integração das práticas de economia circular e o incentivo à bioeconomia no Maranhão refletem um movimento crescente de alinhamento entre desenvolvimento econômico e sustentabilidade. A I-Educam exemplifica como a inovação pode transformar resíduos em produtos de alto valor agregado, beneficiando tanto as comunidades locais quanto o meio ambiente. O apoio de instituições como Sebrae e Fapema tem sido crucial para fortalecer esse ecossistema, oferecendo capacitação, investimento e conectando empreendedores a mercados consumidores.