João Pessoa pode ganhar um novo bairro nos próximos anos. Em entrevista ao jornalista Walter Santos do portal Wscom, o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, confirmou que os novos donos da rede Novo Atacarejo, o procuraram para a construção de um empreendimento, chamado “Nova Paraíba”. O novo distrito deverá ser em uma área de 430 hectares, ocupada pela antiga fábrica de cimentos Cimepar, recentemente adquirida pelo grupo.
Caso o projeto se concretize, o novo bairro pode se tornar um dos maiores de João Pessoa. Com uma área equivalente a 4,3 km². A antiga Cimepar está localizada entre os bairros da Ilha do Bispo, Cruz das Armas e Oitizeiro, e possui extensão maior que bairros como o Valentina Figueiredo e Castelo Branco, por exemplo. O Nova Paraíba será próximo ao centro da capital, que constantemente vêm sendo alvo de discussões a respeito de revitalização da mesma.
Mas qual a necessidade de construir um novo bairro? De acordo com dados do IBGE de 2022, João Pessoa registrou o maior aumento populacional entre as 20 maiores cidades do Brasil, com um crescimento de 15,3%. Para o professor do departamento de economia da Universidade Federal da Paraíba, Cássio Besarria, esse é um dos motivos que faz necessário investir na construção de novos centros. “O ingresso de novas pessoas na capital acaba influenciando a infraestrutura local. É preciso abrigar essas novas pessoas, então novos espaços urbanos acabam sendo gerados ou ocupados. Há também a questão de transporte, escolas, demandas por serviços de saúde que são afetadas por esse crescimento populacional. Com isso, acaba se fazendo necessário que a prefeitura anuncie a construção de novos bairros”.
Esse novo empreendimento na capital paraibana possui uma ampla participação do setor privado, através do Grupo Mateus, que recentemente adquiriu parte do Novo Atacarejo em um acordo de cerca de R$378,5 milhões de reais, pagos em parcelas anuais iguais. As duas empresas irão unir suas operações nos estados de Pernambuco, Paraíba e Alagoas, totalizando 59 lojas e 5 centros de distribuição. O Grupo Mateus vai deter 51% da empresa combinada (Nova Companhia), enquanto os fundadores do Novo Atacarejo vão manter 49%. Na região metropolitana de João Pessoa, as duas lojas totalizam 5 unidades.
Para Besarria, em casos de grandes empreendimentos, como é o caso da construção da Nova Paraíba, a união dos poderes públicos e privados podem ser benéficas para a população. “Em alguns momentos, essa relação público-privada é desejada, tendo em vista que o setor público tem algumas restrições orçamentárias. Por outro lado as demandas são diversas, então quando há uma parceria como essa, o efeito final tende a gerar ganhos para a sociedade”, afirma.
Por enquanto, o tamanho do envolvimento da Prefeitura de João Pessoa no projeto ainda é incerto. De acordo com informações iniciais obtidas pelo Investindo por Aí, a Nova Paraíba é um empreendimento privado, que contará com a participação do poder público para a garantia de contrapartidas sociais como a instalação de serviços no bairro, escolas, praças, postos de saúde, entre outros.
Do ponto de vista econômico, por outro lado, a Nova Paraíba pode gerar impactos a curto, médio e longo prazo. Besarria destaca que de maneira imediata o setor da construção civil será o grande beneficiado, mas em um período a médio-longo prazo o campo de serviços, públicos e privados, também deve ganhar destaque, gerando renda e emprego para a economia local.
Contudo, apesar de, à primeira vista, os impactos econômicos parecerem benefícios à população e à cidade, um empreendimento como a Nova Paraíba requer atenção redobrada para a alteração da infraestrutura local. Para a construção de um novo bairro, além de pensar no projeto e construção do mesmo, é necessário um estudo aprofundado acerca da implementação da rede de água, esgoto e drenagem, bem como questões de iluminação, sinalização e mobilidade urbana.
Por enquanto, estudos sobre a viabilização do bairro Nova Paraíba não estão disponíveis; em virtude do estágio embrionário do projeto. Não há informações sobre o início das obras e a limpeza do terreno, que ainda conta com a provável demolição da antiga fábrica da Cimepar.
