Uma miniusina móvel de beneficiamento de algodão orgânico, recentemente entregue pela Secretaria da Agricultura Familiar (SAF) para a Associação de Moradores da Comunidade Lagoa do Juá, em São Francisco de Assis do Piauí, deve impulsionar a produção e exportação do produto, que tem como destino a França. Em 2024, a região produziu 9 toneladas de algodão orgânico, todas exportadas para o mercado francês.

O equipamento, adquirido com recursos próprios da SAF, aumentará a autonomia e a produtividade dos agricultores nas comunidades rurais de São Francisco de Assis do Piauí e Paulistana. Segundo o superintendente de Ações de Apoio à Agricultura Familiar da SAF, Clébio Coutinho, a miniusina possibilitará o beneficiamento local, economizando tempo e custos para os produtores.

“O equipamento permitirá o processamento direto do algodão nas unidades dos produtores, reduzindo os custos de transporte até a central em Paulistana e atendendo cerca de 100 famílias em 24 comunidades”,  destaca Coutinho.

A miniusina processa o algodão em pluma, separando as sementes para replantio ou uso como ração animal. O algodão da região possui certificação orgânica, gerida pela Associação dos Produtores Agroecológicos do Semiárido (Apaspi), que valoriza o produto no mercado externo, especialmente na França. Essa certificação exige práticas sustentáveis, como a ausência de queimadas e agrotóxicos.

A suplente do conselho fiscal da Apaspi Jovem Rural, Claudiana Rodrigues Costa, afirma que a certificação orgânica assegura a qualidade dos produtos. “Esse selo agrega valor tanto ao algodão quanto às outras culturas de nossas áreas produtivas, demonstrando nosso cuidado com a natureza e nosso compromisso com manejos sustentáveis”, explica.

Conforme Claudiana, a Apaspi está sempre presente durante todo o processo, oferecendo todo apoio necessário. “O processo de certificação é participativo, chamado Giro dos SPGs (Sistema Participativo de Garantia), onde cada grupo tem comissões de Ética e Avaliação. A comissão de Ética visita os produtores do próprio grupo, enquanto a de Avaliação visita outros produtores”, complementa.

Com essa nova infraestrutura, o algodão orgânico do Piauí ganha competitividade no mercado externo, com toda a produção destinada à fábrica francesa Vert, que utiliza o algodão em calçados sustentáveis. A expectativa é que o equipamento aumente a produtividade e fortaleça o desenvolvimento econômico da agricultura familiar na região.

Para avaliar o impacto da miniusina nas atividades produtivas das comunidades, os agentes territoriais do Vale do Canindé e da Chapada Vale do Itaim monitoram os grupos de produção durante o ciclo da cultura e firmam parcerias com as associações locais para qualificar esse acompanhamento.

A instalação da miniusina integra uma estratégia mais ampla da SAF para fortalecer a agricultura familiar no Piauí. “A SAF apoia a estruturação da unidade de processamento em Paulistana por meio do projeto Piauí Sustentável e Inclusivo, integra o grupo de produção de algodão ao projeto Fomento Rural do MDS e expande o cultivo de algodão agroecológico em Padre Marcos e Simões, em parceria com o Consórcio Nordeste, o MDA e a EMBRAPA Algodão, através de unidades de aprendizagem participativa”, conclui Coutinho.